"O risco está aí", Redeia não se atreve a descartar um novo apagão

Roberto García Merino, CEO da Redeia, sublinha que a interrupção elétrica de 28 de abril foi a primeira em quatro décadas e confia que se traduza em melhorias para o sistema, embora ainda não exista uma causa oficial para o mesmo.

"O risco está aí", Redeia não se atreve a descartar um novo apagão
Centro de controle elétrico de energias renováveis da Redeia

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Publicado: 17/06/2025 19:35

O CEO da Redeia, Roberto García Merino, reconheceu que o risco de um novo apagão como o ocorrido em 28 de abril na Espanha "está aí", embora tenha querido ressaltar que se trata de um episódio inédito na história da rede elétrica nacional: "Em 40 anos de história" de sua filial Red Elétrica, "é a primeira vez que ocorre uma interrupção elétrica".

Após as declarações de há alguns dias de Beatriz Corredor (presidenta da Redeia), García Merino fez essas declarações no segundo Fórum Econômico e Social do Mediterrâneo, realizado em Málaga.

Ao ser questionado diretamente se poderia garantir que não ocorreria um apagão novamente, sua resposta foi clara: a possibilidade existe, embora já estejam analisando os fatos em profundidade e novas medidas serão adotadas para reforçar o sistema.

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"Nossa obrigação é gerenciar a matriz energética que se decida a nível de país"

À espera de um relatório que esclareça o ocorrido

Sobre este último ponto, García Merino reiterou que a Redeia é a primeira interessada "em conhecer bem em detalhe o que aconteceu neste 28 de abril para que não volte a acontecer". De momento, todos seguimos à espera de que os relatórios em curso —incluindo o do comitê criado pelo Governo— esclareçam "as causas na sua totalidade".

A interrupção elétrica de abril afetou o fornecimento em todo o país e colocou em evidência as vulnerabilidades do sistema em um momento de profunda transformação energética. O responsável da Redeia apontou que o processo de análise do incidente "virá acompanhado de uma série de medidas de gestão do sistema", voltadas a alcançar "uma gestão o mais segura possível e garantir o fornecimento".

Distante de evitar o debate, García Merino quis enquadrar o apagão como uma oportunidade para introduzir melhorias estruturais: "Este incidente vai trazer medidas de melhoria na gestão" que permitam "continuar avançando nessa estratégia energética que o país tem", uma estratégia que, em sua opinião, já está "gerando um ambiente de vantagens competitivas para a indústria espanhola".

O impulso renovável e o investimento recorde

O CEO da Redeia aproveitou sua intervenção para destacar os avanços do sistema elétrico em matéria de sustentabilidade. Segundo explicou, até agora em 2024, 57% da demanda foi coberta com energia renovável, e no mês de maio chegou a "mais de 61% de forma segura".

Nesse contexto, explicou que a função da Redeia consiste em "gerenciar a matriz de geração que o mercado transfere e que tecnicamente é viável".

Ele também se pronunciou sobre o papel da energia nuclear, apontando que sua função não é decidir o peso dessa fonte na matriz, mas adaptar-se às decisões do país: "Nossa obrigação é gerenciar a matriz energética que se decida a nível de país", afirmou, evitando assim qualquer posicionamento político.

Roberto García Merino, CEO da Redeia

Quanto ao planejamento e investimento futuro, García Merino destacou que a Redeia multiplicou por mais de três sua capacidade de investimento. A empresa passou de investir cerca de 400 milhões de euros anuais —número "histórico"— para cerca de 1.500 milhões, com o objetivo de "responder às necessidades do sistema".

Um esforço de investimento que busca, em última instância, reduzir os riscos, garantir a estabilidade do fornecimento elétrico e acompanhar a transição energética do país. Não por acaso, embora o apagão de abril tenha sido excepcional, sua lição não pode ser esquecida.

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